Grécia Segundo tiroteio provoca nova onda de indignação de massas

Movimento de massas assume o seu papel

Nicos Anastasiades, “Xekinima”, CIT na Grécia

Um outro tiro foi relatado na quarta-feira (17 de Dezembro) à noite, ferindo um estudante grevista, mas felizmente não causando grandes danos. Não é ainda claro quem disparou o tiro (ou um polícia ou um fascista). O jovem tem 16 anos de idade, e é um membro do seu Conselho de Escola e está profundamente envolvido no movimento.

A notícia criou uma nova onda de fúria, e os comícios, em Atenas hoje foram muito grandes, com cerca de 20.000 participantes. A eles se juntaram uma greve de 24 horas dos professores e uma paralisação de 3 horas dos trabalhadores do sector público.

Muitas Escolas Secundárias e Universidades estão ocupadas

De acordo com os dados oficiais, 200 faculdades (num total de 400) e 700 escolas secundárias ( num total de 3000) estão neste momento ocupadas. Continuam a haver diariamente manifestações locais e centrais.

Tudo isso tem aterrorizado o governo de direita, que tem uma maioria de apenas um deputado no parlamento. O governo tem usado toda a sua força para parar as mobilizações. Os principais meios de comunicação estão a acusar os manifestantes (e os motins) da forte queda nas vendas, que se devem, principalmente, à crise económica. A polícia grega esgotou o gás lacrimogéneo, e estão agora encomendar mais a Israel.

O Ministério da Educação convidou os professor para não terem aulas, mas sim “envolver os estudantes em tempo criativo para passar tempo” (… como excursões, piqueniques, visitas a museus, etc.), a fim de impedi-los de se associarem às manifestações.

A organização abertamente fascista “Golden Dawn” (que aparece com o título de “cidadãos furiosos”) tem atacado manifestantes, lado a lado com a polícia, usando facas. E há poucos dias, houve revelações de vídeos mostrando provocadores com máscaras cooperando com as forças policiais.

O movimento de massas entrou em cena, mas os dirigentes sindicais estão a ter um papel vergonhoso

Após os primeiros dois dias de motins descontrolados, o movimento de massas assumiu o controlo dos proetstos. A única esperança do governo é que os feriados de Natal venham a actuar como um travão na revolta social. Por isso é importante para o movimento ter uma proposta para a continuação da luta imediatamente após a reabertura das escolas e universidades.

Os dirigentes do movimento sindical têm desempenhado um papel vergonhoso nesta situação. Em vez de aderir ao movimento e mobilizar os trabalhadores, com vista a derrubar um governo fraco e reaccionário, não fez nada para a preparação da greve geral de 24h da semana passada, e recusa-se a discutir uma nova greve geral. O que acontece realmente é que o PASOK (Movimento Pan-Helénico – social-democracia grega) e seus dirigentes sindicais estão aterrorizados com a perspectiva da queda da Nova Democracia, nesta fase. Isso significa que o PASOK assumiria o poder numa situação muito instável.

O PASOK não é apenas não luta pelo derrube o governo, ele está mesmo a pedir aos estudantes que voltem às aulas!

Líderes políticos, incluindo o PC, atacam o SYRIZA

Na semana passada, o primeiro-ministro Karamanlis apelou a todos os líderes políticos para reunir com ele e pediu-lhes que “condenassem a violência e o caos”, numa tentativa desesperada de aumentar o seu prestígio e popularidade.

Após a reunião, o líder CP, Aleka Papariga, atacou o SYRIZA, acusando os dirigentes de não tomar uma posição clara contra a violência dos manifestantes (motins). Na verdade, todos os partidos políticos atacarm o SYRIZA.

O motivo é que SYRIZA é a única força política que tentou fazer uma política séria e de análise dos distúrbios sociais, ao mesmo tempo que apoia totalmente os movimentos e apela aos estudantes a manterem-se firmes e a continuar a lutaÉ também a única força que tem levantado a reivindicação “este governo tem de ir”.

Como se desenvolverá o movimento?

Não está claro ainda como o movimento ir´avançar. É muito possível que haja um período calmo, durante as férias, mas só depois disso vamos ver importantes mobilizações. A revolta na sociedade grega é tão grande que não é fácil de manipular os trabalhadores e a juventude.

O Xekinima, a secção grega do CIT, está a participar e desempanha um papel importante em muitas ocupações e manifestações. Apelamos a que seja aprovado um programa militante de mobilizações. Temos também de realçar a necessidade de acção colectiva e insistir na importância crucial da classe trabalhadora que envolver decisivamente na luta. Nós batemos-mos por uma Greve Geral de 24 horas, como parte dum plano de derrube do governo. E insistimos na necessidade de os partidos de esquerda (SYRIZA, PC, mais à esquerda) de terem uma abordagem de frente unida para levar a luta avante com o objectivo da constituição de um Governo de Esquerda baseado num programa socialista, em defesa dos interesses da classe operária, demais trabalhadores, juventude e camponeses pobres.

Deixe um comentário